Vantagens e desvantagens de trabalhar em uma startup
A grande mídia tem vergonha de dizer isso porque os jovens profissionais estão vivendo uma grande paixão e querem continuar sendo iludidos, mas nós seremos a voz da razão nesse mar de sentimentalismo: startup é um nome marqueteiro para pequena empresa de alto risco. Pronto. Você pode optar deixar de ler este artigo agora, e ir ler outro artigo em uma revista tradicional do ramo, que vai apenas ecoar o que as outras 30 revistas e blogs do ramo já falaram sobre as startups.
Ou pode fazer exatamente o que uma startup faria, que é fazer diferente, e continuar lendo. A escolha é sua. Só tenha certeza de que vamos falar de todos os detalhes de trabalhar em uma startup, tanto o lado bom quando o lado ruim.
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Quero trabalhar em uma startup: modinha arriscada e que exige muito do funcionário
Com 100% de certeza, você pensa em uma startup como aquele ambiente descolado, onde todo mundo vai de bicicleta para o trabalho, compartilha o escritório, tem videogame pros funcionários, até cama para dormir depois do almoço. Sonho de consumo para todo mundo e a realidade de algumas startups.
Algumas. Sabe por que? Por que o mercado das startups não vai querer que você saiba dos inúmeros fracassos que tem surgido nessa área. Eles destacam o lado bom porque o lado ruim é chocante. São quase 90% das startups que falham. Quase 90%.
Trocando em miúdos, e desconsiderando todo o resto, a partir do momento que você desiste de um “emprego corporativo’ (que os jovens de hoje tanto odeiam) e vai para uma startup, você tem cerca de 10% de chance que a startup dê certo.
Corrigindo: até de 90% de chance que a pequena empresa dê errado. Otimismo é ótimo para motivação, mas péssimo para os negócios. Mas estamos apenas começando sobre as desvantagens de trabalhar em uma startup.
Trabalhar em uma startup é viver em alto risco
Quase 90% das startups não vão dar certo, só que ninguém abre uma empresa pensando que ela vá dar errado. Pode ser um caso da empresa ficar sem fundos, uma briga entre os sócios, ou o simples fato do modelo de negócios da startup não fazer sucesso. Vai ser muito legal poder jogar videogame enquanto a empresa não tem nenhum cliente para pagar a conta de luz…
A flexibilidade de seu cargo em uma startup é até demais
Ah, as maravilhas da flexibilidade. Como é legal em um jogo, você poder trocar de personagens, com os diversos estilos diferentes. A startup é a tradução dessa flexibilidade para o mundo moderno. Só que profissionalmente, todos nós temos limitações. Não reconhecer essas limitações e querer flexibilizar toda as horas, expandir suas habilidades, atender às mais diversas demandas e atuar na empresa em diversas áreas diferentes é simplesmente incapacitante e estressante.
Na maioria das vezes, um técnico de informática quer ser só um técnico de informática. Ele não quer dar palpite sobre a cor do logotipo do produto que vai ser revolucionário no mercado. Só quer consertar o computador do João que deu defeito.
Em uma startup, não há muito espaço para indivíduos
Uma grande diferença entre uma pequena empresa e uma startup é que na pequena empresa, as pessoas ainda vão ter escritórios individuais. Isso faz uma grande diferença. Sabe por que?
Ninguém produz bem conversando o tempo inteiro com os amiguinhos no trabalho. É a mais pura verdade, doa a quem doer. Ter um momento a sós em uma startup é muito mais difícil, senão impossível. Todo mundo acha isso lindo, até a empresa começar a dar errado.
Startups tem constante falta de recursos
Sempre falta dinheiro em uma startup. A maior parte delas começa o negócio com um investimento anjo, dinheiro de competições de startups, ou de financiamentos coletivos. Todo o recurso é contado, até o cafézinho. As que esbanjam mordomias são as que vão falir mais rápido ou as que tem financiadores mais polpudos (o que não significa que não vão falir rápido também).
Apps, novos gadgets, tecnologias: lembre-se que essas coisas são muito relacionadas ao momentum, às modas, e mudam muito rapidamente. Como startups quase sempre são nesses ramos, vale parafrasear um grande ditado de guerra: nenhum plano sobrevive ao contato com o inimigo. Ou seja, se a startup é otimista demais, desconfie.
Startup é menos otimismo e muito mais trabalho
Sabe aquele cara trabalhando no Starbucks que você achou tão descolado na foto da revista, com um monte de pessoas tatuadas e alternativas? Ou aquele dono de startup, que deu aquela entrevista para aquela revista X ou Y, falando do potencial de crescimento do mercado brasileiro de startups e só dados positivos? Pois bem.
Esse cara do Starbucks está com 3 aluguéis atrasados, as pessoas tatuadas ainda moram com os pais e tem que pegar 2 horas de transporte público por dia. A startup do empresário que deu a entrevista ainda não teve um mês sequer reportando lucros operacionais, e ele sobrevive morando na casa de amigos que fizeram um investimento anjo na empresa dele.
Nenhum plano sobrevive ao contato com o inimigo, certo? Vou fazer minha versão da frase: nenhum otimismo sobrevive ao contato com as contas do início do mês. Ou o busão lotado e fedorento na volta do trabalho. É muita dedicação pra fazer a startup funcionar, meus caros. MUITA.
Mas e as vantagens de trabalhar em uma startup?
Se você leu todas as desvantagens que falei sobre trabalhar em uma pequena empresa, ou seja, uma startup, e ainda continua querendo trabalhar, você tem maturidade suficiente para tentar um emprego em uma startup, e se beneficiar das vantagens desse tipo de empresa.
Trabalhar em uma pequena empresa é mais gratificante e com um potencial muito maior de crescimento, principalmente se a empresa tem a ideia de se vender para outras maiores ou se lançar na bolsa.
A experiência, tanto pessoal quanto profissional, é muito mais global em uma startup, onde você terá várias oportunidades para ver o funcionamento da empresa como um todo do que teria em um emprego corporativo, além de poder, efetivamente, atuar na empresa para que ela funcione melhor, em qualquer setor. Você se sente menos “incapaz”, um sentimento que é muito comum em empresas gigantes e engessadas, onde qualquer sugestão precisa passar por várias etapas burocráticas.
A constante insegurança de uma startup, desde que haja um plano de negócios muito bem elaborado, cria um ambiente explosivo de ideias e criatividade, motivador. Basta saber colocar também o pé no chão para estruturar essas ideias, e fazê-las lucrativas. As grandes empresas da tecnologia sabem disso e é por isso que compram tanto as startups: porque querem manter o espírito criativo dentro da estrutura gigante que criaram.
O risco é grande, os prêmios serão proporcionais aos riscos assumidos. Você está disposto a assumir os riscos ou prefere um outro tipo de emprego? Deixe nos comentários sua opinião sobre o trabalho em uma startup. Queremos saber o que você tem a dizer sobre o assunto.
Sobre o autor
André é pós-graduado em pedagogia empresarial, especializando na padronização de processos. Possui mais de 300 horas em cursos relacionados à administração de empresas, empreendedorismo, finanças, e legislação. Atuando também como consultor e educador empresarial, André escreve sobre Recursos Humanos desde 2012.
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